sábado, setembro 30, 2006

Deslocalizações

Algumas vozes querem fazer-nos crer que os nossos baixos salários já não são assim tão baixos, daí o desinteresse do investimento estrangeiro (argumento para justificar a inexistência de aumentos). Que as fábricas fecham por cá e o capital foge para o Leste barato ou para os gigantes emergentes.
Que só nos resta o turismo, isto é, vender sol, mar e areia que não produzimos e que nem sequer nos pertence.
Pobres portugas! Caros demais como operários, só lhes resta buscar renda no servir hermanos à mesa.

Mas...

... Se assim é, por que é que a Honda resolveu expandir a sua capacidade de produção no norte da Europa, criando 500 novos empregos na sua fábrica no sul do Reino Unido e aumentando a força de trabalho local para um total de 5000 trabalhadores?
E por que é que estes mesmos empregos muitas vezes acabam por ficar nas mãos dos emigrantes portugueses que para ali foram à procura de salários mais altos?

Há aqui qualquer coisa que os modelos, finlandês ou não, não explicam.

terça-feira, setembro 26, 2006

segunda-feira, setembro 25, 2006

"The God delusion", por Richard Dawkins


O autor de "O gene egoísta" volta a atacar. Para grande desconsolo dos maluquinhos dos designs.

(clique aqui para vêr a entrevista com Jeremy Paxman)

quarta-feira, setembro 20, 2006

Em defesa do papa

O agnostico que sou a tal me obriga.

Da Metafisica dos Alquimicos

Em resposta excelente ao arrazoado de asneiras que por ai' se escreve, inclusive' nos jornais, uma frase simples de Ludwig Kripphal que esclarece quem ainda nao quis perceber:

E' aqui reside a grande diferença entre a ciência e os “ismos”. O criacionismo é a crença num conjunto de respostas, enquanto que a ciência é um processo movido pelas perguntas.
.

E tambem vale a pena passear pelo resto do blogue.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Soool!

Amanhã sai o Sol.

JAS já anunciou que vai ser publicada uma sondagem sobre o pior presidente da República dos últimos 50 anos e avisou que o resultado vai ser uma surpresa.

Eu não conheço a sondagem mas deixem-me adivinhar: O pior presidente foi Mário Soares.

Não é de admirar. Soares é identificado como o pai do regime democrático e, para uma parte muito significativa dos Portugueses, a democracia é vista como uma chatice e a responsável por todos os males do país:

- A descolonização ( como se fosse possível contrariar os ventos da história e a vontade conjunta dos EEUU, URSS e China. Note-se que, uma vez instaurada a democracia, os defensores do império rapidamente esqueceram a atitude dos EEUU e rapidamente de adaptaram à nova situação e alaparam aos EEUU: massa e poder justificam tudo, nomeadamente uma boa dose de oportunismo realista )

- O PREC

- A reforma agrária ( sensata, para o tempo, e da autoria de António Barreto )

- A crise económica ( provocada pelos choques petrolíferos )

- A austeridade de 83-85 ( e a recuperação das finanças do país, liderada pelo competente Ernâni Lopes, numa coligação PS-PSD e que deu a Cavaco o dinheiro para distribuir as benesses dos seus governos )

- A queda de Cavaco ( provocada por crescentes múltiplos, de autismo e gastos excessivos )

- A imigração ( que substituiu a emigração dos tempos em que nem os Portugueses podiam sobreviver em Portugal )

- E finalmente o "vergonhoso" apoio dos "súcias" ao terrorismo e aos seus amigos, agora abrandado por Sócrates e Amado ( Freitas foi o último resquício )

Tudo isto tem uma figura associada: Mário Soares.

Deixem-me explicar: o miserável Estado Novo forjou um arranjo de interesses mesquinhos e medíocres que satisfazia as nossas "elites" e a nossa "classe média", que consistia essencialmente num funcionalismo de "mangas de alpaca".

Esse arranjo tinha o apoio de uma significativa parte de população com excepção de algumas minorias educadas e cosmopolitas e esmagava um povo afogado na miséria.

Só foi derrubado pela gueera de África e pelas aspirações corporativas dos Capitães.

Depois veio o inefável PREC e as desgraças associadas como a volta dos "retornados".

O PREC passou e a mentalidade do Estado Novo foi lentamente voltando. Hoje, quando e democracia é cada vez mais posta em causa, essa mentalidade está forte como não estava há 30 anos.

Essa mentalidade vota e sempre votou num partido, o partido que mais governou Portugal em democracia e que é, na verdade o principal responsável pelo país que temos hoje.

Aparentemente, o ciclo desse partido está a acabar, mas nem por isso a mentalidade dominante vai mudar.

Sócrates deve ter conhecido essa sondagem antes de apoiar Soares à presidência como forma de pôr a esquerda no seu lugar.

Pobre Sócrates, ganhou o poder mas não pode mudar de povo!

Mesquinhez, medicridade, saloiice, malandrice de carteirista: são as nossas características.

É bom que Soares perca.

Para alguns, basta virar a sondagem ao contrário para sonhar com um país de gente educada e honesta.

Pelo menos, aquece o coração.

terça-feira, setembro 12, 2006

Prós e amadores

A Comendadora Campos Ferreira tem pelo menos o mérito inegável de convidar as pessoas certas para os debates certos.

O facto de interromper excessivamente os convidados para formular as suas próprias opiniões ou de colocar perguntas simplórias não é relevante.

Importante é convidar as pessoas certas para os debates certos.

No de ontem, sobre o 11/9, terrorismo, etc. pôs do lado dos prós o Pacheco Pereira, um dos mais idependentes e eficazes defensores dos gajos que estão a conduzir a política Americana e que acreditam que Eva saiu de uma costeleta de Adão, ou, pelo menos, fingem que acreditam; e Helena Matos, outra franco-atiradora fanática mas relativamente independente.

Dos contras ( amadores ), Mário Soares e um casal de muçulmanos.

O Maroca está coberto de razão mas está velho e faltam-lhe a paciência para aturar a canalhice e no geral faltam-lhe a memória e as faculdades argumentativas.

Assim sim comendadora!

Veja lá se convidou a Sousa Tavares! O tanas! Eis um serviço público independente!

Ainda sobre a tortura

O tratamento que os EEUU dão aos prisioneiros suspeitos de terrorismo merece algumas perguntas comparativas:

Quantos prisioneiros Alemães; Italianos e Japoneses foram torturados pelos Aliados durante a 2ª guerra mundial?

Quantas torturas foram praticadas pela Inglaterra, em nome da auto-defesa, quando estava prestes a ser esmagada pela Alemanha na 2ª guerra mundial?

Quais os resultados práticos das torturas empregues pela CIA na obtenção de informações sobre o terrorismo?

E Israel? Tem torturado prisioneiros Palestinianos para obter informações?

Quando a Inquisição Católica torturava priosioneiros tinha como fim averiguar a verdade ou obter "confissões" convenientes?

Pode-se comparar a atitude Americana com os prisioneiros de Guantánamo ou Al-Gharib com a atitude da Alemanha Nazi, que torturava e matava os prisioneiros Soviéticos sob a desculpa de que a URSS não era signatária da Convenção de Genebra?

E os Franceses livres que combateram a Alemanha Nazi? As torturas e assassínios praticados pela Gestapo eram justificados pelo facto de a França se ter rendido à Alemanha Nazi?

A guerra ao terrorismo é uma guerra de propaganda, onde é fundamental retirar aos terroristas a base de recrutamento de que correntemente gozam.

Tal só pode ser feito se o Ocidente fizer juz aos seus pergaminhos de defensor da liberdade e da justiça.

Cada prisioneiro torturado é a certeza de dez novos inimigos no Islão.

A estratégia actualmente seguida na luta ao terrorismo é uma demonstração práctica do nanismo dos Ases e Bêses da política internacional.

Sejamos, no entanto, magnânimos. Quando eles acordarem da demência serão necessários para derrotar o terrorismo, tal como Atlee e Chamberlain acabaram por ser úteis para derrotar o Nazismo.

segunda-feira, setembro 11, 2006

domingo, setembro 10, 2006

Como?

O embaixador Americano em Lisboa afirmou que a CIA não tortura os suspeitos de terrorismo durante os interrogatórios.

A CIA utiliza, isso sim, medidas de coacção, que são medidas perfeitamente legais e aceitáveis por um juiz Norte-Americano.

Por exemplo, algemar um suspeito detido é uma medida de coacção.

Faltou uma pergunta na entrevista do Público:

Se a CIA não emprega métodos ilegais, porque é que não interroga os prisioneiros em território Norte-Americano?

E ainda outra pergunta: Quando a polícia Norte-Americana prende um suspeito, leva-o para o México ou para o Canadá para o algemar?

RIC

Uma pergunta pequenina:

Será que a Rússia, a Índia e a China temem um Irão armado com a bomba atómica?

Sede, de Odin Uzi

Tenho sede de viver.
Tenho sede de viver.
Mas não há nada à minha volta.
O sol do deserto encrua a minha pele.
Os reflexos na areia encandeiam-me os olhos, ferem-me a vista.
Não há nada à minha volta.
Mas eu tenho sede de viver.


Uma fonte!
Quero beber água dessa fonte, para saciar a minha sede.
Mas não brota água dessa fonte.
Brota um líquido que me arde na garganta, a cada gole.
Algo que me aflige, que ameaça sufocar-me, a cada gole,
intermitente, periódico, ondulatório.
Ardente. Aflitivo. Angustiante.
E a minha sede aumenta.


Os meus lábios estão gretados, a língua entumecida, os olhos salgados,
a testa a arder, as mãos emperradas pela areia, fina e seca.
Arrasto-me pela areia. Quero matar a minha sede.
Persegue-me a miragem, recorrente, da roda daqueles que me amam:
um oferece-me água;
mas o outro tira.
Acalmo a sede com esperança.


Um oásis!
Gozo a sombra das palmeiras.
Aproximo-me do poço.
Bebo a água, sôfregamente.
Mas depressa preciso de a racionar.
Permaneço no oásis, racionando a água, na companhia da miragem.
Envelhecem as figuras da miragem, aparecem novas.
Entretenho-me na sua companhia. E raciono a água.
Divido-a com as figuras, que aceitam e bebem, agradecidas.


Um dia, logo depois de acordar, vou ao poço matar a minha sede.
Mas a água desapareceu, existe apenas lama, húmida e espessa.
As palmeiras do oásis são de cartão.
Estou apenas num cenário de oásis.
Encho o meu cantil de lama.
E retomo o caminho.
Acompanha-me a miragem. Mas agora parece estar sempre longínqua,
Estou verdadeiramente só.
Engano a sede com a lama, espremo-a na boca.
Tenho o corpo coberto de feridas. Mil pulgas cobrem o meu corpo à noite,
sugando a vida da qual tenho sede.
E as feridas já não saram. A minha pele ficou branca.


Avisto agora uma miragem diferente.
A meu lado caminham agora vários anjos, nos seus bibes brancos.
Umas vezes riem, outras vezes choram.
Olham para mim com um sorriso.
Olham para mim apreensivos.
Olham à minha volta. Como se à minha volta houvesse outros como eu.
Como se eu fosse como os outros que estão à minha volta.
Como se, sozinho, eu estivesse acompanhado de muitos outros.
Muitos outros cantis de lama.
Atravessando o deserto.
Com sede de viver.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Ironia do destino

Ainda bem que Al Gore "perdeu" as eleições de 2000.

Assim, teve de ser Bush a lidar com as consequências do 11 de Setembro e a fúria e dor dos Americanos.

Fê-lo da pior maneira e, apesar de todo o dinheiro investido em propaganda, a maré está a mudar.

Em 2008 a demência vai desocupar a Casa Branca e vai ser substituída por uma boa dose de razão e, principalmente, de sentido de responsabilidade.

Louvado seja Deus!! Os seus desígnios são insondáveis.