sexta-feira, março 31, 2006

Almada Negreiros, 2-1

"Ó burguesia! Ó ideal com i pequeno!

Ó ideal ricocó dos Mendes e dos Possidónios!

Ó cofre de indigentes

Cuja personalidade é moral de todos

Ó geral da mediocridade!

Ó choque ignóbil do vulgar, protagonista do normal!

Ó horror! Os burgueses de Portugal

Têm pior que os outros

O serem portugueses!"

segunda-feira, março 27, 2006

vítimas de "racismos"



Na África do Sul, ocorrem em média mais de 120 homicídios e tentativas de homicídio POR DIA e Joanesburgo, onde alguma parte dos cidadãos de origem portuguesa vive, é o epicentro desta violência.
Os crimes são cometidos, em larga maioria, pelos negros que vivem na miséria das townships mas estes raramente escolhem as suas vítimas com base na côr ou nacionalidade dos seus antepassados.
No entanto, e porque no fundo nos estamos todos nas tintas para o que se passa do outro lado do mundo, a notícia deste quotidiano assim relatada carece de impacto. Daí que nos seja apresentada pelo jornalismo imediatista truncada do seu contexto, para aproveitamento máximo da natural empatia que cada um tem por um seu compatriota.

(isto tem as suas consequências, claro, e o espectáculo de circo levado ao público lisboeta pelo partido renovador nacional na Alameda D.Afonso Henriques, há algum tempo atrás, serviu para mostrá-lo)

À semelhança do caso anterior, quando chegou a vez de noticiar a ''crise'' dos emigrantes no Canadá voltou a ser dada aos portugueses a informação em formato de estalo.

Todos os anos, inúmeros países do hemisfério norte, incluindo Portugal, expulsam do seu território milhares de migrantes de todas as nacionalidades pelas mais variadíssimas razões. Em particular, o Canadá deportou 11 mil estrangeiros em 2005, dos quais apenas 409 eram portugueses (para quem gosta de contas, não chega a 4% do total).

Mas a imagem que passou foi a de que, não contentes em nos tirarem o bacalhau, os estupores dos canadianos não nos querem lá. E para cúmulo, são eficientes a deportar.

O curioso é que, apesar da afronta, parece que em tempo de paz a grande maioria dos eleitores não sabe nem quer saber como funcionam os consulados de Portugal no mundo (muito mal). O assunto exterior, simplesmente, não lhes diz respeito.
Mas não lhes diz respeito o MNE como parece que não lhes diz respeito outros ministérios. É que, com tanta paz, a classe "média" portuguesa também parece ignorar a emigração crescente e as razões que geram essa fuga para o estrangeiro.
Aparentemente, é problema de gente que também não lhe interessa.

Nestes momentos, o que interessa é o patriotismo parolo, e é dever de cada um berrar contra o dito racismo canadiano ou sul-africano.
Desde que não se passe dali, claro, que a nossa vida não é isto.

domingo, março 26, 2006

Liberalices

A malta auto-proclamada liberal ficou em polvorosa com as parangonas: imagine-se que os ranhosos dos checos já eram mais ricos que nós!
Então andámos para aqui a sugar subsídios para a reestruturação do ''tecido empresarial'' desde os anos oitenta e agora vêm aqueles ingratos, que até precisaram que lhes mandássemos rosas ou não faziam a revolução, meter-nos no fundo da escala social da Europa em meia-dúzia de anos?

A culpa, está claro, é do socialismo, que os rapazes da Boémia tão atempadamente extirparam da sua constituição. Do Estado em geral e das golden shares em particular. Da Universidade, porque as melhores do mundo são privadas. Do Bloco de Esquerda, esse verdadeiro contra-poder. Do Jorge Sampaio, porque sim.
E, para alguns lunáticos, o impedimento à Riqueza da Nação está encastrado nos princípios da Democracia.

Aos feiticeiros do mercado e seus aprendizes, deixo um conselho desinteressado: em situações assim aviltantes há que manter a calma e olhar para o lado positivo da coisa; pelo menos, podemos ficar descansados que daquele país não virão mais imigrantes roubar-nos as mulheres e o dinheiro dos impostos.

As costureirinhas


Porque se perde tanto tempo discutindo o acessório?
Que interessa a mesa, o sofá, as vinte e quatro bandeiras e o arraiolos do presidente?
Quando é que os media portugueses eliminam a costela 'Caras' do seus editoriais?
Para quando o fim da conversa de salão que quase todos repetem às multidões com a intimidade de um bordão de mau cómico?

É claro que também há quem se convença que a sua tendência para a costura é vocação diplomática, no melhor dos casos, ou de místico, no pior. E vá de interpretar ao pior estilo danbrowniano o virote da casaca do ministro e o número de malmequéres plantados à porta do cavalo de Belém.

Que palhaçada.

segunda-feira, março 20, 2006

Ainda o artigo de MST: a explicação

Peguem no vosso extracto bancário.

Listem as despesas obrigatórias recorrentes que aí constam:

Seguros ( vida, automóvel, responsabilidade civil, paredes, roubo, empregada ), luz, água, gás, hipermercado, gasolina, portagens, condomínio, telefone, telemóvel, internet, cabo, ginásio, clube de vídeo, o que quiserem.

A prestação da casa, de certa forma, não conta. O cartão de crédito também não.

Vocês pagam estas contas a pronto, e muitas vezes através de débito directo na vossa conta.

Muitas destas contas são fixas, sendo que aqui até existe uma vantagem mútua.

Outras são regulares.

As empresas que recebem este dinheiro têm um cash flow elevado e rendimentos fixos ( não sou especialista em economia, finanças ou gestão ).

Mas estas empresas, tirando os ordenados, pagam muitas vezes as suas despesas a 90 dias ou mais.

As pessoas são aqui uma chatice.

Com a livre circulação de capitais, estas empresas podem aplicar financeiramente o seu cash flow nas economias emergentes, que crescem a ritmos extremamente elevados, ao contrário da nossa economia decrépita. O risco destas aplicações, convenientemente diversificadas, é moderado, dada a dimensão, "inércia" positiva do crescimento, potencial destes mercados e aumento exponencial da procura de matérias primas e commodities necessárias ao crescimento, como o cimento e os produtos extraídos da madeira.

Arriscado mesmo é aplicar esse cash flow em depósitos bancários em Portugal, a taxas de juro em crescimento mas muito pouco remuneradoras.

Isto explica em parte o desempenho positivo de muitos dos títulos de referência da bolsa de Lisboa.

As empresas referidas têm sede do nosso dinheiro porque pagamos a pronto. Elas, que são poderosas, pagam a prazo aos fornecedores.

Em Inglaterra, pagamentos a mais de 90 dias são inaceitáveis.

Mas em Portugal isto é legítimo e legal. É legítimo porque o pior pagador é o estado, que paga a 180 dias e mais. Há até casos de pagamentos a 600! dias em ministérios tutelados por ministros que, na sua vida privada se fartavam de queixar de que o estado não é uma pessoa de bem.

Este sistema prejudica seriamente as pequenas empresas, aflitas com o cash flow, dependentes dos bancos para sobreviver e incapazes de investir.

Logo aquelas que mais poderiam contribuir para renovar o tecido produtivo nacional.

Com esta atitude o estado favorece a concentração da riqueza e prejudica o renascimento da economia.

Não há plano tecnológico que "safe" isto.

Por outro lado, num país pobre e com o desemprego a aumentar, os salários não acompanham o crescimento dos lucros das empresas e a economia estagna ainda mais , devido ao decréscimo do consumo interno.

Novamente perdem as pequenas empresas e os trabalhadores por conta de outrém.

As grandes empresas não investem em Portugal, não há fundos de capital de risco, ou há muito poucos e só para os amigos.

De qualquer forma os pequenos só muito a custo sobrevivem nesta selva, não falando de ficarem grandes.

Depois há o "inbreeding", cancro das nossas universidades, que se aplica também ao mundo empresarial: precisas de já lá estar dentro e quem vem de fora, com sangue novo, não é bem vindo. Só se safa se fôr grande, e mesmo assim...

Os conhecimentos e laços familiares contam excessivamente neste país periférico e provinciano.

Um país pobre, com um desemprego crescente, salários baixos, protecção social ineficaz, educação medíocre.

Mas com um óptimo clima, mar e boa comida!

O paraíso para quem é rico.

A "pequena Suíça", de 73, está de volta.

E não se queixem: Marcello era bem melhor que Salazar.

domingo, março 19, 2006

Mercado de electricidade??

Deixem-me rir.

Esta semana ocorreu a primeira ( suponho ) reunião da associação dos produtores de electricidade e a conclusão foi a de que a electricidade vai aumentar.

Em entrevista no final da reunião,o presidente da associação referiu que a electricidade vai aumentar porque o petróleo aumentou, por causa do protocolo de Quioto, porque as renováveis são caras e, imagine-se, porque são subsidiadas (?).

Enfim, a electricidade vai aumentar. Porquê? Porque, do ponto de vista do consumidor final não há mercado.

Há um único distribuidor, que compra a todos os produtores. Estes, rapidamente aprenderam a agir em cartel.

A única distribuidora vai passar a fazer os consumidores finais pagar a factura por inteiro.

Apesar de ser controlada pelo estado e de ter lucros fabulosos, age como agiria uma empresa privada que detém o monopólio de um bem de consumo obrigatório. Poruqe está cotada em bolsa, claro.

Como se vê, a privatização de sectores como a electricidade faz aumentar o preço desta no consumidor final. A diminuição da qualidade do serviço virá a seguir.

Porquê? Bem, vou limitar-me a dizer que é uma constatação empírica.

Na verdade é porque não há, nem pode haver ( devido às especificidades do sector ) mercado.

Eu repito: não há mercado!

Miguel Sousa Tavares ontem no Expresso

Leram ( Ou devo dizer Lêste, mais adequado à cardinalidade de leitores deste blog )?

Pois é.

Brilhante no conteúdo e na escrita, chegando a ser hilariante na referência ao vpv enquanto monumento nacional que deve ser subsidiado.

Deixo a outros a tarefa árdua e importante de identificar a gaveta ideológica em que se deve colocar o MST, à luz do artigo que ele escreveu ontem.

sábado, março 18, 2006

Para quem ainda não percebeu



No DN de hoje, um pequeno lamiré contra a russificação da nossa economia.
É poucochinho, talvez tímido, mas já é alguma coisa.

sexta-feira, março 17, 2006

Igualdade...

O nosso presidente ( vénia ) afirmou na campanha eleitoral ( cito de memória ): "Duas pessoas igualmente inteligentes e igualmente informadas chegam naturalmente às mesmas conclusões".

Numa publicação recente, um gestor estrangeiro de nomeada propôs uma versão mais "fraca" da "máxima": "Duas pessoas igualmente inteligentes e igualmente informadas chegam geralmente às mesmas conclusões".

Este aforismo está na moda e o facto de presidentes-economistas e gestores internacionais a utilizaram em circunstâncias diferentes e com um intervalo de tempo pequeno demostra que andam "igualmente informados".

É mesmo possível que sejam "igualmente inteligentes".

Há muito tempo que eu tenho "para mim" uma máxima "semelhante": "Duas pessoas razoavelmente inteligentes, igualmente informadas, igualmente honestas e igualmente ambiciosas chegam geralmente às mesmas conclusões".

Na verdade não há grande diferença. Que bom! Sou quase um presidente-economista ou um gestor internacional.

Só me falta... a massçarooca!

Tudo se equilibra

É uma daquelas verdades insofismáveis que me deixa de bem com a vida.

Tudo se equilibra!

Com ela me deito e com ela adormeço, consolado.

Tudo se equilibra. O yin e yan dos Chineses.

Uns comem um frango, outros não comem nenhum ( e não apanham gripe das aves ).

Uns trabalham demais, outros não fazem nada.

Uns nascem ricos, outros na miséria.

Há quem explore e há quem seja explorado.

Há quem roube e há quem é roubado.

Sempre que alguém suja há alguém que limpa.

Etecetera!

Enfim, verdades simples, tautologias eternas.

Com elas me deito, com elas me deleito, com elas adormeço.

+ uma: OPA da SONAE sobre a PT





















Esperemos que a Sonae consiga melhorar o serviço ao cliente.

Mercado, mercado, ó mercado! Pois pois.

A não esquecer

Em Portugal, evitar a cerveja. Em Inglaterra, evitar o vinho.
Céus, que dor-de-cabeça.

quinta-feira, março 16, 2006

Idéias de cotas

E na futurologia demagoga, quantos lugares elegíveis caberão ao tercinho de mulheres?
E como se dará a dança das cadeiras da substituição de deputados-eleitos? Também só se poderá trocar mulher por mulher e homem por homem?
E já agora porque é que a quota não é 90%? Estão com medo da reacção?

Eu lembro-me de uma senhora que não precisou de quotas para se tornar a primeira primeira-ministra na Europa. Agora que revêjo o retrato, de facto, a senhora tinha qualquer coisa de finlandês.

Quotas e OPAs




O BPI, um dos maiores bancos nacionais, nunca se preocupou em definir uma política centralizada de género, deixando às várias direcções operacionais a liberdade de critério nas contratações. A direcção de desenvolvimento web, e.g., chegou a ter 80% do seu pessoal composto por colaboradoras. E era co-chefiada por uma mulher.

No outro lado do espectro, o BCP tem um cadastro preocupante. Nos anos noventa, e por se recusar a contratar mulheres ou despedir as que engravidavam, mereceu uma investigação à conduta laboral e o epíteto de 'Banco Com Preconceitos'.
Não contentes com isto, a sanha reaccionária da sua administração encontrou depois uma outra forma de judiar com os seus colaboradores: qualquer transacção bancária pessoal era passível de análise moral e podia ser usada como instrumento de intimidação.

Agora parece que o BCP quer comprar o BPI e um dos resultados dessa fusão pode vir a ser a criação do maior empregador do sector bancário.

As virgens do mercado excitam-se com o dinamismo da operação, até parecendo que vão a cavalo com os heróis das bolsas. As carpideiras do sector público estremecem com a agressividade do capital.

Alheio a tudo isto, o governo vai repescando os apontamentos da era Kennedy e cozinhando mais um disparate de engenharia social. Pena é esquecerem-se que o seu chefe só por provincianismo anda titulado de engenheiro.

P.S.: como anedota, conto o caso de um colaborador do BCP, exemplar mas com pêlo na venta, que por isso foi convidado a ter uma conversa com a chefia da direcção onde trabalhava. O director, depois de mostrar conhecimento sobre uso do cartão de débito numa discoteca da capital à 1 da manhã de quarta-feira, aconselhou o seu subordinado a não repetir a façanha pois aquele não era este tipo de comportamento que o Banco esperava de um seu colaborador.
A história correu todo o departamento e no fim do mês, depois de receberem o salário, praticamente toda a gente tinha transferido o dinheiro disponível para uma conta em outro banco. Agora, quanto desse dinheiro acabou no BPI, já não vos sei dizer.

terça-feira, março 14, 2006

Speed-date com Gonzalez



ou e depois a culpa é dos soldados

Um percurso tenebroso

1997-um jurista obscuro, Alberto Gonzales, aconselha o então governador Bush a desobedecer aos acordos da Convenção de Viena com base no facto de que o estado do Texas não ser signatário de tais acordos.
Esta convenção, ratificada pelo Senado norte-americano em 1969, assegura ''o direito de um cidadão estrangeiro a constituir a sua defesa com recurso a conselheiro jurídico do seu próprio país''.
Dois dias depois, o estado do Texas executou o cidadão mexicano Irineo Tristan Montoya, apesar dos protestos do governo federal mexicano por nunca ter sido informado sequer da sua detenção (como obriga a mesma convenção).

Maio, 2000-logo após ter sido eleito para o Supremo Tribunal de Justiça do Texas, o juiz Alberto Gonzalez recebeu contribuições da empresa Enron e dos seus advogados no valor de USD$35,450. No total, Gonzales acumulou USD$100,000 em 'luvas' pagas por várias empresas.

Janeiro, 2002-O conselheiro para a Casa Branca Alberto Gonzalez afirma em memorando que as disposições previstas pela Convenção de Genebra são obsoletas e devem ser revistas.
Desde então, a administração da Casa Branca passou a considerar que os prisioneiros detidos em Guantanamo não estão ao abrigo daquele acordo internacional.

Agosto, 2002-Alberto Gonzalez aprova um memorando (em conjunto com o vice-presidente Chenney) em que considera que ''as leis que proibem a tortura não se devem aplicar à detenção e interrogatório de combatentes inimigos''.
O memorando vai tão longe quanto especificar, sem restrições morais, o entende que pode ser causado por essa tortura: ''morte, disfunção orgânica, perda de capacidade motora."

Alberto Gonzalez é Attorney General do país mais poderoso do mundo desde Novembro de 2004.

segunda-feira, março 13, 2006

Sucesso!!!

Dorean,

pede mais fotografias às tuas amigas que sejam como a nossa abelhinha.

O blog está a começar a ser um grande sucesso.

QQ dia já podemos pôr aquele anúncio ao Super POP e vender dildos para começarmos a facturar.

E com o assssento virado para o lado sseeertoooo!

Çussseço!!!!

domingo, março 12, 2006

O Espectro acabou

Esperemos que o processo que a sr.ª Clara Ferreira Alves interpôs a um dos contribuintes, o doutor Vasco Pulido Valente, não tenha sido a causa.
Tendo em conta a data do fecho, esperemos sim que o gesto de ambos os jornalistas daquele blogue simplesmente pretenda assinalar uma nova época de caça ao cavaco.
Noutras paragens mas com a acutilância de sempre.

A Besta dos Balcãs



Ao contrário do que se deseja também para demais predadores, Slobodan Milisevic acabou por morrer no cativeiro.
Ora, de acordo com a suspeição do seu advogado, Zdenko Tomanovic, isso terá acontecido por meio de envenenamento.

Faz todo o sentido: como é do conhecimento geral, a Holanda é um covil de déspotas onde a injustiça e desumanidade imperam. Razões suficientes para suspeitar que, sob custódia do Tribunal Penal Internacional em Haia, o ex-ditador corresse sérios riscos de vida.

Assim, para provar sem sombra de dúvida o homicídio, o sr.Tomanovic exigiu que a autópsia ao corpo do animal fosse feita por médicos moscovitas o que, como se esperava, foi-lhe negado.

A família da Besta e o que resta dos seus acólitos terão agora uma pequenina oportunidade para espernear pelo seu mártir e, numa revoltante inversão da realidade, berrar 'assassinos'.

Haverá quem, com a melhor das intenções, acredite nessa estória de veneno. Pela minha parte, acho que fazem bem, não pela prova ou ausência dela mas porque quando alguém decide a morte de 2.000 pessoas (para citar só o Kosovo) arrisca-se a arranjar um inimigo ou outro.

sexta-feira, março 10, 2006

Excursion Into Philosophy


(E. Hopper, 1959)

Fala quem sabe


Numa entrevista recente dada ao Guardian, Nick Cave afirmou que, ao contrário do que muitos pensam, o facto de se deixar de usar drogas não transforma ninguém numa pessoa melhor.

quinta-feira, março 09, 2006

A noite dos Óscares

Hoje parece-me ser um dia adequado para premiar os partidos políticos com os meus Óscares. Aqui vai:

O Mais Amoral:
Vencedor: CDS-PP.
Durante a presidência de Paulo Portas o CDS-PP voltou à situação de Partido de poder. Isto significa, no vocabulário popular, que todo o cargo ocupado por um porreiraço do PP é usado para distribuir o dinheiro do estado pelos amigos empresários através dos mais diversos contratos de prestação de serviços e compra de equipamentos que imaginar se pode. Para o PP o estado é uma vaca com grandes tetas que servem para alimentar a heróica iniciativa privada, sendo que essa vaca beneficia grandemente da extraordinária capacidade de gestão dos membros do PP e respectivos amigos.
Isto tudo debaixo da capa da integridade moral, direito à vida, princípios, blá blá blá... e ninguém se ri! Benzam-se!

O mais anti-partidos:
Vencedor: PSD.
Não sei se já repararam em todas aquelas pessoas que se queixam dos partidos e que dizem que os políticos são todos iguais. Bem, todas elas votam PSD... desde 1976... sem nunca mudar... e sem nunca deixarem de votar...no PSD.
Elas são as herdeiras da União Nacional e do Salazarismo, tristonhas por só terem hoje em dia cópias de 2ª, Cavaco Silva, ou de 3ª, Durão Barroso.
Firmes defensores da iniciativa privada, da moral e dos bons costumes, são cada vez menos pequenos empresários e cada vez mais funcionários públicos ou detendores de algum outro daqueles empregos/tachos que dura para toda a vida.

O mais sectário:
Vencedor: PS.
Não sei se já repararam mas, para um PS, um governo PS faz sempre tudo certo. Sem falhar nada! Quer privatize a segurança social, a dê ao Aga Khan ou arranje reformas que são o dobro do salário, um governo PS faz sempre tudo certo. E quem discordar, leva!
Quando ocupam uma empresa ou departamento do estado, os Socialistas não descansam enquanto não tomam conta de tudo.
Também pudera: qualquer político medíocre de direita arranja tacho numa empresa privada. Os socialistas têm mais dificuldade. Quando um, bem disfarçado, adquire poder, usa-o à exautão para empregar camaradas. Socialistas, socialistas, e mais socialistas. Porque é sempre bom ter umas massas para as férias e o whisky.

O mais otário:
Vencedor: PCP.
Óbvio! Gajos que dão o salário ao Partido, fazem voluntariado na festa do Avante, têm como líder um torneiro mecânico que bebe imperiais e aldeias velhas, come tremoços e fuma, e tudo em frente à televisão, gajos destes, repito, nunca vão conseguir mandar em nada. Qualquer dia nem a câmara de Borregães vão ter.
Cultivar a honestidade, a competência e o trabalho, não só não convencem ninguém como provocam a risota do mais sisudo dos cangalheiros ( do marxismo ).
Que diabo! Honestos são os paranóicos, competentes são os retentores anais e trabalhadores são os estúpidos. Piores, só mesmo os Franciscanos. Arre!

O mais moralista:
Vencedor: Bloco de Esquerda.
Aquele Louçã não é um seminarista. É um reitor de seminário... da ilha Graciosa. Tanta chatice só dá vontade de pecar. E não me refiro a fumar umas ganzas e a ir jantar fora todos os fins de semana. Refiro-me a investir na bolsa, roubar pobrezinhos, tirar as esmolas das igrejas e fazer tráfico de influências. E depois vem armado em pastor das putas e dos rôtos, como se isso mais o aborto e a eutanásia fossem mesmo o topo das preoucupações da malta.
E depois, com a Joana Amaral Dias por perto, quem é que não quer pecar? Até com a Ana Drago!

quarta-feira, março 08, 2006

O futuro de Sampaio

Na II República, e até algum tempo a seguir a '74, metia-se lá um oficial-general a fim de sossegar as casernas.

Agora, a moda é outra: candidata-se à reforma dourada qualquer venerando da partidocracia, para sossego de um dos governos.

E depois? E depois vai-se à vida lá fora, que a vaidade é primeiro vício da pós-globalização.

O modelo finlandês

terça-feira, março 07, 2006

O Presente é

a broca do dentista, uma cólica renal, a ânsia de vómito.
o cheiro a sovaco do desemprego, o mau-hálito de quem nos mente descaradamente.
à noite, a solidão muda do outro ao lado.

o Presente é feito da dor que se sente.

domingo, março 05, 2006

Pensamento divergente

Não, violar as regras do xadrez quando se está a perder não é uma forma de pensamento divergente.

¿¡Coño?!!

Cerca de 350 bebés alentejanos vão passar a nascer em Espanha. A razão é simples: o ministério da saúde quer cortar na despesa e encerrar maternidades nos hospitais onde estas ''não sejam rentáveis'', i.e., onde a população escasseia, como em Elvas.

A rendibilidade e os cortes são também as razões apontadas pelo ministério da educação para o fecho de escolas do ensino básico no interior do país.

Fico na dúvida: a estratégia do nosso governo é de desertificar o território nacional, promovendo a migração para o litoral e para a indústria turística ou é de estimular a aprendizagem da língua espanhola logo no ciclo berço-escola primária, de forma a aumentar a competitividade da população activa?

Presumo que a visão de futuro nacional dos cavalheiros dos pê-ésses (-dês) se sinta defraudada por nunca ter havido uma fronteira com a Alemanha. Isso sim, tinha dado um jeitão.

sábado, março 04, 2006

Monopólio e concorrência II

Há um facto que o Dorean ignora, tal como muita gente hoje em dia.

O facto é este: não existe concorrência no mercado da electricidade, ou do gás.

A coisa devia ser óbvia: se eu estiver insatisfeito com a companhia de electricidade eu não posso mudar de companhia. Posso passar a usar um gerador, abdicar da electricidade ou mudar de país. Mas não posso mudar de companhia.

Do ponto de vista de consumidor, não existe mercado de electricidade, tal como, na verdade, não existe mercado de gás.

Existe monopólio. Esse monopólio, ou é tutelado pelo estado ou é dominado pelas empresas privadas.

Como a concorrência nestes sectores é uma fantasia, para não dizer mais, é preferível que estes sectores sejam tutelados pelo estado, no mínimo através de golden shares.

Para além de tudo o mais, um estado que não exerça esse controle torna-se ainda mais fraco perante o sector privado, sendo que essa fraqueza significa que este perde a capacidade de regular o que quer que seja.

Esta é a realidade e a práctica observável.

Depois há a ideologia.

Voltarei para mostrar, numa próxima posta, como em Portugal mesmo o sector das comunicações não é passível de funcionar num regime de concorrência.

sexta-feira, março 03, 2006

As OPAs dos outros (II)

O que é certo é que a Comissão proibiu a união da EDP com a Gás de Portugal para evitar um monopólio nacional e escusou-se a usar os mesmos argumentos no caso espanhol, entre a Gas Natural e a Endesa, e a recente fusão Gaz de France+Suez, apadrinhada pelo governo francês (e accionista maioritário).

Ou seja, a interpretação da Agenda de Lisboa pela Comissão pode lêr-se da seguinte maneira: se fores um país pequeno, 'defendemos' os teus consumidores; se fores um país poderoso, tens carta branca para criar monopólios regionais.

Ainda há quem tenha ilusões quanto à integração e livre concorrência?

quinta-feira, março 02, 2006

Os corruptos locais


Já desde muito antes das últimas eleições autárquicas que Isaltino Morais nos habituou à imagem de autarca-mor da corrupção.

Durante anos gozou da protecção do seu partido, PSD, até que, em Janeiro último, foi formalmente acusado crimes de corrupção passiva, branqueamento de capitais, abuso de poder e fraude fiscal.

Depois ganhou (de novo) a câmara de Oeiras. Agora o Ministério Público vem anular a acusação contra si feita.
E o processo, que implica entre outros, a irmã e o filho, Floripes Morais e Pedro Morais, o construtor civil João Algarvio, o jornalista Fernando Trigo, e o antigo presidente da Portugal Telecom, Luís Todo Bom, corre o risco de ser arquivado.

Eu repito: ''o processo pode vir a ser arquivado''. Assim mesmo.

Suspeito o anúncio tenha provocado festejos em Felgueiras: embora as Fatinhas e quejandos do país real já tenham deixado de ser notícia, e mesmo que a conquista ''legítima'' do poder lhes prometa impunidade, manda a prudência de paróquia seguir com atenção o destino do gato gordo de Oeiras.

E você, fica-se?